A construção dramatúrgica do espetáculo "Yoshi - imagens laceradas" nasce de um procedimento de laceração das imagens de animais deformados e empalhados, criadas pelo artista Caio Mateus. Em um movimento do olhar, buscamos em seus escombros fragmentos que nos remetessem - por repercussões metafóricas visuais - à "dimensão rítmica da forma": aquilo que Georges Bataille nomeava como "informe".
Em uma inquietação decolonial, ao nos depararmos com o conceito de Yoshi, do povo amazônico
Yaminawa, decidimos construir - poética e ereticamente - aproximações ou equivalências
entre esse conceitos. É assim que ousamos "falar com" (e não "falar por") os povos ameríndios, acreditando que suas imagens e seus pensamentos se aproximam radicalmente de nosso compromisso na desconstrução da figura humana como epicentro da vida.
Yoshi é movimento, é anima; é a figura que se move entre a forma e a sua não forma. Yoshi é o informe; é a dimensão da vida que está em tudo e que torna possível ao xamã metamorfosear-se e transitar entre as formas de todos os seres. Yoshi transforma-se assim em nosso espetáculo, poeticamente movediço mas politicamente compromissado para que "o céu não caia".
Dança
Diego Bernardo Coelho
Marina Freire Brandt
Maria Luisa Mesquita Mendanha
Marina Cangussu Souto
Thayna Pereira Lobo
Música
Arnold Gules Airala
Materialidades Cênicas e Assistência de Direção
Belize Mello Neves
Direção e Luz
Éden Peretta